sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Prémio Nobel da Literatura 2011

                                       Foto: Jornal Público



O poeta sueco Tomas Tranströmer é o Prémio Nobel da Literatura de 2011.
A sua poesia  é pouco conhecida em Portugal, apesar de existirem dois poemas seus traduzidos, sobre viagens realizadas ao nosso país.

Do blogue " Bibliotecário de Babel " http://bibliotecariodebabel.com/geral/quatro-poemas-de-tomas-transtromer/, retiramos a seguinte informação:

Em Fevereiro deste ano, o poeta João Luís Barreto Guimarães publicou no seu blogue alguns poemas do novo Prémio Nobel, traduzidos a partir da versão castelhana do livro Para vivos y muertos (editado em Espanha pela Hiperión, com tradução do sueco por Roberto Mascaro e Francisco Uriz).


PÁSSAROS MATINAIS (1966)
Desperto o automóvel
que tem o pára-brisas coberto de pólen
Coloco os óculos de sol.
O canto dos pássaros escurece.
Enquanto isso outro homem compra um diário
na estação de comboio
junto a um grande vagão de carga
completamente vermelho de ferrugem
que cintila ao sol.
Não há vazios por aqui.
Cruza o calor da primavera um corredor frio
por onde alguém entra depressa
e conta como foi caluniado
até na Direcção
Por uma parte de trás da paisagem
chega a gralha
negra e branca. Pássaro agoirento.
E o melro que se move em todas as direcções
até que tudo seja um desenho a carvão,
salvo a roupa branca na corda de estender:
um coro da Palestina:
Não há vazios por aqui.
É fantástico sentir como cresce o meu poema
enquanto me vou encolhendo
Cresce, ocupa o meu lugar.
Desloca-me.
Expulsa-me do ninho.
O poema está pronto.

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