O concurso de ilustração é uma iniciativa do grupo de Educação Visual do 2º ciclo e tem a colaboração da biblioteca e dos professores de português. Os alunos do 5º ano aceitaram o desafio de ilustrar poemas de Manuel António Pina e o resultado está em exposição na biblioteca.
Toda a comunidade escolar pode votar na sua ilustração preferida durante esta semana.
O pássaro da cabeça
Sou o pássaro que canta
dentro da tua cabeça,
que canta na tua garganta,
que canta onde lhe apeteça.
dentro da tua cabeça,
que canta na tua garganta,
que canta onde lhe apeteça.
Sou o pássaro que voa
dentro do teu coração
e do de qualquer pessoa
(mesmo as que julgas que não).
dentro do teu coração
e do de qualquer pessoa
(mesmo as que julgas que não).
Sou o pássaro da imaginação
que voa até na prisão
e canta por tudo e por nada
mesmo com a boca fechada.
que voa até na prisão
e canta por tudo e por nada
mesmo com a boca fechada.
E esta é a canção sem razão
que não serve para mais nada
senão para ser cantada
quando os amigos se vão
que não serve para mais nada
senão para ser cantada
quando os amigos se vão
e ficas de novo sozinho
na solidão que começa
apenas com o passarinho
dentro da tua cabeça.
na solidão que começa
apenas com o passarinho
dentro da tua cabeça.
Versos à Ana no dia do Anaversário
Havia uma flor!
Nem eu sabiaonde é que a flor havia
mas tanto fazia.
Talvez houvesse
onde ninguém soubesse
ou fosse uma flor de estar a haver
só na minha imaginação,
ou não fosse uma flor, fosse uma canção.
Nem a flor sabia
que existia.
em qualquer sítio, sem saber, floria.
E se fosse uma canção cantava e não se ouvia.
E isso acontecia
no meu coração.
Não sei se era uma flor se uma melodia,
era qualquer coisa que havia,
e cantava e floria
dentro de mim sem razão.
ia pela rua e ninguém diria.
As pessoas passavam
e eu dizia:
"Bom dia!"
E ninguém suspeitava
o bom dia que fazia
em qualquer sítio
que dentro de mim havia!
Só eu sabia e sorria,
Levando-te pela mão.
A Ana quer
A Ana quer
nunca ter saído
da barriga da mãe.
Cá fora está-se bem,
mas na barriga também
era divertido.
O coração ali à mão,
os pulmões ali ao pé,
ver como a mãe é
do lado que não se vê.
O que a Ana mais quer ser
quando for grande e crescer
é ser outra vez pequena:
não ter nada que fazer
senão ser pequena e crescer
e de vez em quando nascer
e voltar a desnascer.
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